quinta-feira, outubro 28, 2004

Hoje estou sério.

Houve um problema com a colocação do vídeo que fazia com que esta página demorasse muito tempo a carregar e impedia que o vídeo fosse visto correctamente. Felizmente esse problema foi resolvido, já podem ver o vídeo correctamente e sem demoras. Obrigado às pessoas que reportaram o problema e desculpem qualquer coisinha...

Hoje quem fala é o humano, os canídeos que me desculpem.
Este Blog foi criado com a intenção de divertir e tem sido esse o tom das histórias que aqui são contadas. No entanto, acho que de vez em quando um assunto mais sério não fará mal a ninguém.

Cada vez mais a descriminação das raças caninas aumenta e com elas o receio, infundado, que muitas pessoas sentem em relação a certas raças. Eu, como orgulhoso dono de um cão de raça Rottweiler sinto na pele essa descriminação. O Acktan é um dos cães mais amorosos e meigos que conheço, no entanto as suas características individuais são ignoradas e infelizmente as pessoas apenas vêem a raça! Essa lógica, quando aplicada a humanos chama-se racismo!

Deixei-me contar uma historia engraçada que se passou há uns dias comigo e o Acktan. O Acktan tem a mania de se esfregar nas pernas e de desatar a lamber as calças das pessoas. Ora se a parte do esfregar não chateia ninguém, a parte do lamber já incomoda a maioria das pessoas, como seria de esperar. Por causa dessa mania o Acktan me obrigou, por várias vezes, a ir mudar as calças do fato quando estou a sair de manha…
Por eu saber desse comportamento eu normalmente mando o Acktan afastar-se das pessoas para que não as incomode quando estão a falar comigo na rua. Ora há uns dias estou a falar com um casal na rua e naturalmente mandei o Acktan afastar-se, conversa para lá, conversa para cá e mais uns “Acktan, chega para lá.” e a certa altura distrai-me e o Acktan lá consegui pôr-se a pedir mimos encostado a uma das pessoas, que tinha ficado logo muito quieta. Nesta altura eu disse algo do género “Acktan, sai dai. Não te ponhas a lamber as calças as pessoas!”, nesta altura uma das pessoas com que eu estava a falar faz um ar de espantado e pergunta se era por isso que eu não o deixava ir ter com as pessoas. Ao que eu expliquei que sim, que era só por causa disso. Acto contínuo essa pessoa diz para eu o deixar à vontade que não há problema e desata a fazer festas ao cão, cão este que começa logo a abanar-se todo de contente.
Foi ai que eu me apercebi que eles pensavam que eu estava a afastar o cão devido a ele poder morder ou algo do género! Bolas, o cão durante todo o tempo esteve a abanar o coto de contente, aproximava das pessoas abanar os quartos traseiros como se fosse um boxer, enfim todos os sinais de um cão que quer brincadeira, mas como é um Rottweiler é assumido que pode ser perigoso! Para mim esse raciocínio é absurdo e deve ser combatido.

Bom para terminar quero vos deixar com um pequeno filme, sobre racismo e bestas. Eu acho que às vezes temos alguma dificuldade em saber que são as verdadeiras bestas, se os de 4 ou de 2 patas e acabamos a culpar os de quatro patas pelas acções do de duas! Este filme retrata esse problema, não com os Rottweilers, mas com outra raça também perseguida, os PitBull. Aconselho a que liguem o som. Mas aviso desde já que o vídeo contém algumas imagens que poderão chocar os mais sensíveis.


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quarta-feira, outubro 06, 2004

O Acktan no Coreto


Bom, recomeçando e antes que aquele chato se lembre de que precisa de trabalhar e lá tenha eu de voltar a usar as unhas do gato como caneta e as paredes como papel. Situação de que eu não gosto, o gato detesta e meu dono fica piorurso (piorurso, para aqueles que não sabem o que significa, quer dizer “pior que um urso!”).
Estávamos nós a passear no centro Portalegre em pleno jardim, deviam ser aí umas 7 da manhã. Sim, porque o meu dono tem a absurda mania de acordar quase de madrugada durante as férias. Nos dias de trabalho não há quem o arraste da cama a horas de nos levar a passear, mas nas ferias ainda mal raiou o sol e já está ele a tentar-nos convencer que são horas de largar o sofá e ir à rua!


Mas, dizia eu que estávamos a passear, quando este se lembra que ali é um bom sítio para treinar. Vai daí que toca a fazer posições à distância, enfim, os sentas, deitas, de pé do costume. Até aqui tudo bem, mas o abestrôncio do meu dono repara num lindo coreto no meio do jardim e aqui vai disto, toca a ir lá para cima para fazer treino à distância. No final o meu dono decidiu fazer um exercício mais complexo: eu fico no coreto e ele vai para a outra ponta do jardim desata a chamar-me. Acho que a ideia era que eu descobrisse as escadas do coreto, desse a volta e fosse ter com ele. Mas o meu dono nunca bateu bem da bola, porque raios é que eu devia me dar a tanto trabalho se eu o estava a ver mesmo à minha frente. Como é óbvio era mais fácil saltar do coreto abaixo e correr até ele. Só não percebi o berro que o meu dono deu! Talvez se tivesse magoado com alguma coisa. Uns medricas estes humanos.
De qualquer forma, essa brincadeira valeu-me uma inspecção por parte do meu dono a todas as patas, aparentemente ele estava à procura de ossos partidos, mas na altura eu pensei que ele estava apenas a me fazer festas de contente.

O tempo passou e muitos mais passeios eu dei, até que um dia comecei a mancar de uma das patas, a da direita da frente mais precisamente, ao principio pensei que era só uma entorse, mas o tempo passava e aquilo não passava. Como o meu dono não me consegui perceber, passei a andar com essa pata no ar, para ele perceber que algo se passava de errado comigo. O método resultou perfeitamente, passados uns dias estava num sítio que eu gosto muito, o Veterinário. Quando lá vou ninguém me segura, qual Senta, Deita ou faz o pino, quase que não ligo puto ao meu dono, o que eu quero mesmo é abanar os quartos traseiro e atacar selvaticamente o Veterinário às lambidelas!
O Veterinário analisou-me, apalpou-me, mas não notou nada de estranho, por isso sossegou o meu dono e deixou-me ir embora. Se me tivessem perguntado eu teria dito mais algumas coisas, como por exemplo o facto de sentir uma pontada no meio da perna de vez em quando, mas como o costume ninguém me pergunta nada.
E o tempo passou e eu crescia bem e saudável, apesar de vez em quando voltar a mancar da pata, mas isso só sucedia quando fazíamos uma corrida maior. Mas volta e meia lá vinha o meu dono dobrar-me a pata, etc.
Finalmente houve uma semana em que quase todos os dias eu andava a mancar, e aí o meu dono achou que já era demais, toca a voltar ao Veterinário.
Muito gosto eu desta parte, mais umas abanadelas de rabo, umas lambidelas e finalmente lá conseguiram me examinar. Desta vez o doutor achou melhor fazer um raio-x, mas como eu não parava quieto tivemos de repetir o raio-x, desta vez eu fiquei mais quieto pois o meu dono estava com um ar zangado.
Depois de analisar chegou o veredicto, eu tinha um problema na articulação (cotovelo) e o mais provável era ter de operar. Não gostei nada da cara que o meu dono fez na altura por isso dei-lhe uma lambidela na mão (era o que estava mais perto do meu focinho).
O meu dono mais tarde explicou-me tudo: disse que eu tinha uma XXXose qualquer no joelho e que o veterinário achava que era genético, mas o meu dono achava que não, que devi ser devido ao piso da casa ser muito escorregadio e o salto que eu tinha dado em Portalegre.
Fosse lá como fosse, o Veterinário não tinha a certeza absoluta e quis outra opinião, ao mesmo tempo precisava de ter uma visão melhor do meu cotovelo para saber por onde devia abrir o meu cotovelo – admito que tais ideias não me soavam nada bem, pareciam planos de uma equipa Anti-Terrorista – e por tal pediu que eu fosse fazer um TAC na faculdade de Medicina veterinária em Lisboa.
O TAC mostrou que afinal eu não tinha exactamente o que se pensava, mas era na mesma uma forma de displasia do cotovelo. Mais precisamente, tinha um bocado de osso partido e solto dentro da articulação. O meu dono ainda tentou arranjar uma ordem em Latim para ensinar o bocado de osso rebelde a voltar para o sítio, mas infelizmente sem sucesso. Só sobrava mesmo a hipótese de ir à faca…

E assim foi que em Janeiro de 2003, fui levado à faca…
Quando acordei o meu dono não estava comigo, só passadas algumas horas é que me deixaram ver o meu dono, fiquei logo mais contente e pela cara dele ele também ficou muito contente. O meu dono explicou-me que a operação tinha corrido bem e até me mostrou o bocado de osso, era bem grande. O Veterinário explicou-nos que em principio eu iria recuperar a 100% e dali a uns meses já poderia andar normalmente. Infelizmente não foi isso que aconteceu.
A recuperação foi lenta, foram cerca de 6 meses. Durante todo esse tempo não podia correr nem saltar. O resultado é que deixei de poder ir para o jardim brincar com os outros cães, o meu dono diz-me que isso foi muito mau, pois era muito importante a minha convivência com outro cães, foi que se eu tivesse saltado o ciclo (ND [Nota do Dono]: 5º e 6º Anos da era moderna). Como se isso não bastasse (senti muita falta de outras companhias caninas) o meu dono deixou de fazer treinos a sério comigo, ele dizia que como o treino tinha muita brincadeira não dava para fazer.
E assim foi que eu passei 6 meses, isolado do mundo, eu o meu dono e o gato. So via os outros cães através das grades da varanda.
Mas finalmente o tempo passou e o meu dono começou a levar-me outra vez a passear e a estar com outros cães, enfim a vida começou a voltar ao normal.
Depois o meu dono tentou recomeçar os treinos, eu podia-lhe ter dito que ele andava muito nervoso e stressado demais para isso, mas como o costume ninguém me perguntou nada…
O resultado foi que o meu dono perdia rapidamente a paciência comigo quando eu falhava as ordens, e isso punha-me a mim nervoso. O meu dono reparava nisso e acabava o treino. Passado uns dias ele lá chegou à conclusão que andava demasiado stressado e sem paciência para treinar como devia ser, por isso passou apenas a fazer algumas brincadeiras comigo e nada de treinos sérios.
Eu fiquei com pena, pois eu gostava muito dos treinos e já tinha obtido o meu COB e teria gostado de ter mais prémios. Sim, porque eu sou um cão inteligentíssimo e ambicioso.
Enfim a vida volta à normalidade possível, mas a minha pata (mais exactamente o meu cotovelo) nunca ficou 100% curado. Só quando faço muito esforço, grandes corridas ou passeios, é que fico a mancar um bocadinho. O que nunca consegui me livrar foi do hábito de estar a três patas, volta e meia quando estou distraído levanto a minha pata fico tipo pointer, já sei que logo a seguir o meu dono me ralha. O meu dono acha que aquilo é só mania e que é tudo psicológico e não há motivo para eu levantar a pata. Mas eu é que sei e de vez em quando a para incomoda-me.

E pronto, isto foi para vocês ficarem a saber que não foi só o gato que teve azares.
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quinta-feira, setembro 30, 2004

A César o que é de César, e ao Acktan o que é do Acktan


Finalmente aqueles caramelos me devolveram o Blog.
Mas agora que tenho de volta a propriedade destas páginas, encontro-me num dilema: não sei se falo sobre as minhas férias, um mês sem ver o meu dono, só com a companhia dos outros cães. Um mês sem Sentas, Deitas, Acktan sai daí, Acktan deixa o gato, enfim um mês de férias como merece um cão trabalhador como eu. Ou se por outro lado vos conto mais sobre as minhas peripécias de infância e o meu problema com a minha pata.
NOTA do DONO: Quem tem um mês de férias nesta casa são somente os bichos, já que vão para a quinta no fim-de-semana antes de irmos viajar de avião e só os vamos buscar no fim-de-semana a seguir a voltarmos. Aqui os humanos, tem de se resignar a só ter duas semanas de férias.

O dono, para que é que isso interessa? Pára lá de ler por cima do meu ombro e vai mas é tratar da minha comida. Arre que o gajo é chato!



Já me decidi, vou vos falar sobre a minha infância. Mas antes, deixem que vos diga que o meu dono está a ficar biruta, então não é que me traz de ferias mais um animal para casa? Coloca-me ao canto da minha sala um rinoceronte que é duas vezes o tamanho do gato? Levei um grande susto quando chego a casa e vejo aquilo espetando a um canto. Não hesitei, fui logo ter com ele para lhe mostrar quem manda, mas como o gajo não me ligou pouco fiquei com algum receio, vocês também ficariam se vissem o corno que o tipo tem na frente. Seja como for, um bocado a tremer das patas traseira, peito rente ao chão, lá me foi aproximando do bicho até conseguir lhe dar umas boas cheiradas. Cheirei a parte de trás (sempre podia ser alguém conhecido) mas não o reconheci, cheirei-lhe o focinho e pareceu-me que aquilo cheirava a madeira. Por isso pus-me de pé e mandei-lhe duas ladradelas e um rosnar. Como o tipo não reagiu, assumi que aquilo é mesmo madeira. Agora porque é que o meu dono decidiu colocar um bocado de madeira na sala ainda não percebi, apesar de suspeitar que deve ser para o gato afiar as unhas, mas o tempo dirá.

Vamos lá voltar no tempo até à minha infância. Há muito, muito tempo, era eu um cachorro… e o meu dono andava sempre a treinar-me nos lugares mais estranhos que ele conseguia pensar. Certo dia, estávamos a passar uns dias em Portalegre, por causa do Casamento de uma das Afilhadas de praxe do meu dono. É verdade, nem todos os cães de podem orgulhar de já ter ido a um casamento e até a uma despedida solteiro já fui. Note-se que a despedida a que fui era referente a um outro casamento, o meu dono acha que eu devo ter variedade.
Sinceramente gostei mais da despedida de solteiro, os moços fizeram uma churrascada e eu acho que comi mais que eles todos. O pateta do meu dono a meio da noite achou que eu podia gostar de comer ração e todo cheio de boa vontade lá foi me colocar um prato da ração que ele tinha trazido no carro. Estão mesmo a ver que eu o mandei comer ele a ração, ainda para mais que nesta altura estava um bom bocado de entremeada na grelha. Posso-vos dizer que no final da noite já estava um bocadinho cheio, de tal forma que já ignorava tudo o não fosse presunto.
O casamento foi diferente, foi mais bolos. Tão mais bolos que o meu dono nem teve tempo de evitar que alguém me disse uma grande fatia de bolo de chocolate (GRANDE era favor, aquilo era mais um quarto de bolo), felizmente que com tanta porcaria que já estava no meu estômago, mais aquilo não me fez mal nenhum. No dia seguinte nem sequer estava de diarreia, tenho um estômago de aço como o do meu dono.
Apesar de ter gostado mais da despedida, não quero com isso dizer que não tenha gostado do casamento, acho que toda a gente me deu alguma coisa para eu comer, por alto creio que devo ter provado mais coisas que o meu dono.
Mais engraçado era que eu não fui o único cão a ir ao casamento, estava lá um casal que também tinha levado o seu pastor alemão, mas esse como já era adulto teve de ficar no carro o tempo todo, grande seca. Eu felizmente como era cachorro, passei muito tempo cá fora. Até a dona da quinta me quis fazer uma festa e dizer como eu era bonito e bem comportado.

Mas isto vai longo e fujo do assunto, eu estava a falar de Portalegre e dos dias em que lá passei.

O dono está quieto, não precisas nada do portátil para ir trabalhar, usa papel e caneta como as outras pessoas. Ai que chato, bem vou ter de acabar isto depois…
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quarta-feira, setembro 22, 2004

As Férias


Pois é, como muita gente reparou este Blog esteve parado durante 3 semanas… o motivo? FÉRIAS!
Foi toda a gente de férias, cães para um lado, gato para o outro e donos para muito longe!
Ainda tentei colocar uma mensagem a avisar, mas a Internet aonde eu estava só tinha duas velocidades: parada ou paradíssima…

Mas agora estamos todos de volta (mais ou menos…) e por isso os leitores (os que ainda tiverem resistido) podem contar com uma nova história na próxima segunda-feira!

Ass: O dono desta bicharada toda!



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terça-feira, agosto 31, 2004

A Queda de um anjo…


Miau, finalmente o meu dono largou o teclado e eu posso continuar a contar as minhas histórias. Hoje vou falar do momento mais infeliz que eu tive.

Nós moramos num 4º andar, que tem varandas de ambos os lados da casa, uma varanda grande e uma mais pequena.

Mas por norma não estamos nas varandas, pois como somos todos animais bem comportados o nosso dono deixa-nos andar pela casa quase toda, menos o quarto. Acho que tem algo haver com umas coisas chamadas fatos que lá existem. Mas uma vez por semana vão lá a casa as senhoras da limpeza e nessa altura temos todos de ficar numa varanda que é para não atrapalhar. Eu até gosto das senhoras, quando lá vão fazem-me sempre umas festinhas. Só não acho piada quando ligam o aspirador! Até me encolho todo na caixa!

Por norma eu ficava sempre com o Acktan, assim sempre brincávamos um com o outro. Ás vezes na varanda grande, outras na pequena. A varanda grande tem uma rede a toda a volta, mas a varanda pequena não. Eu até gosto da rede, gosto de trepar por ela acima e andar de lado a fingir que sou o gato-aranha! O meu dono não acha piada nenhuma, principalmente quando me vê a andar em cima do corrimão, como se aquilo tivesse dois metros de largura! Enfim, ele é apenas humano e não percebe nada de gatos!

Mas estou-me a desviar. Houve um certo dia, mais precisamente um dia de limpeza em que eu e o Acktan fomos para a varanda pequena, que dá para a frente do prédio, e aí ficámos durante o resto do dia.
Ora, talvez seja melhor explicar como é o Acktan. O Acktan é um Rottweiler bobo e trapalhão, em que basicamente a sua cabeçorra é do meu tamanho todo! Ele sempre teve a mania de me enfiar o focinho por debaixo da cauda e depois lá ando eu a fazer o pino! Isso e a mania de achar que eu sou um cachorro e de colocar a patinha em cima do lombo, o que tem como efeito imediato eu ficar espalmado no chão com uma pata para cada lado, estilo rosa-dos-ventos! Enfim, o que eu tenho de aturar! Ainda por cima o bruto é duro e insensível, eu bem me farto de lhe trincar as patas e o lombo, mas é como se nada fosse. Como desaforo final, o mamífero quando está a dormir, ás vezes confunde as minhas violentas trincas (quando acorda) com picadas de pulga e desata a coçar-se como um tolo! Felizmente que descobri o seu ponto fraco! As orelhas! Uma boa trinca numa orelha e é vê-lo a dar um salto mortal à retaguarda em plena rotação! Claro que logo a seguir ele me manda a pata em cima, mas pelo menos tenho o gosto de o ver mostrar os dentes todos!

Mas deixa-me voltar ao fatídico dia.
Nesse dia eu e o Acktan estávamos muito alegres, sempre a brincar um com o outro e assim foi durante parte do dia. A meio da tarde eu queria era dormir e o pateta do cão não me deixava em paz, vai daí dei-lhe uma valente trinca na orelha para ele ficar quieto. Acto contínuo, levei uma patada e fiquei espalmado de costas! Como não sou de me ficar apliquei-lhe uma boa trinca na pata, e então não é que o palerma do cão me manda uma patada e atira-me abaixo da varanda!!

Não é que a queda de 4 andares me preocupe por aí além, não tive muito medo e até tive tempo para me preparar para ter um encontro imediato com o chão. Tudo teria corrido bem se não fosse o facto de que a varanda do rés-do-chão ser mais saliente do que a outras e eu não estar à espera disso. Como resultado choquei violentamente contra o parapeito à velocidade máxima! Bati com a parte de trás do meu corpo e fiquei estatelado no chão.

Passado um bocado recuperei, mas estava cheio de dores, miei muito, mas ninguém me veio ajudar, por isso a muito custo arrastei-me até à entrada do prédio, pois sentia o cheiro do Acktan ali e isso parecia-me bem, mas não estava em casa e por isso tive muito medo.
Depois alguém abriu a porta do prédio. Eu entrei a correr e tentei entrar no elevador (eu sabia o que era o elevador pois quando o meu dono me levava a qualquer lado eu passava por ali), mas a porta estava fechada. O senhor que me abriu a porta tentou-me pegar, mas eu deitava muito sangue e tinha muitas dores, por isso bufei-lhe e ele teve medo. Assim, o senhor foi buscar uma vizinha que tinha 9 gatos, pois ela talvez soubesse o que fazer. Mas ela viu que eu estava muito mal e achou que era melhor ligar para o meu dono. Como o senhor tinha o número do telemóvel do meu dono, ligou-lhe e perguntou se ele tinha um gatinho e disse-lhe que eu estava no rés-do-chão do prédio.

Acho que o meu dono teve uma coisinha má. Desta vez não me queixo da velocidade dele, pois deve ter vindo do centro de Lisboa até a casa num foguetão!

Quando ouvi a voz do meu dono senti-me logo melhor e deixei que ele me pegasse ao colo sem me queixar. Mas as dores eram muitas por isso eu miava baixinho. O meu dono foi logo a correr buscar a minha caixa, encheu-a de mantas e colocou-me lá com muito jeitinho, pois eu sangrava da boca e da pilinha e fomos logo a voar até ao veterinário.
Eu estava muito mal, a minha cauda estava morta, não tinha nenhuma reacção. A minha urina estava cheia de sangue e o veterinário disse que eu talvez não passasse dessa noite...

Fiquei uma semana no veterinário, nos primeiros dois dias não se sabia se eu ia sobreviver ou não, mas após esses dias, comecei a despertar e a recuperar. Os outros dias foram só para observação, pois o Veterinário já dizia que eu ia ficar bom! Mas ia ficar meio torto...
Não gostei nada de ficar na clínica, as pessoas eram todas muito simpáticas e faziam-me muitas festas, mas doía-me tudo por isso nem sequer conseguia ronronar.
De cada vez que o meu dono visitava eu pensava que era agora que ele me ia levar para casa, mas nada. Ele bem me fazia festas e dava-me turras (essa foi eu que lhe ensinei!), mas o que eu queria mesmo era estar deitado na minha cama, enrolado nas minhas mantinhas quentinhas. Não no meio de outros bichos que faziam muito barulho. Será que ninguém lhes deu educação em casa?
No final da semana o meu dono não me foi visitar durante dois dias seguidos e eu pensei que ele tivesse-me abandonado à minha sorte e fiquei muito triste. Mas passado dois dias ele voltou a aparecer e trouxe-me para casa. Ele encheu-se de desculpas sobre que teve que ir não sei bem aonde. Desculpas! Só não lhe dei uma dentada por estava muito fraco e afinal já estava em casa, por isso tudo estava bem.

Mas passados uns dias, descobri que era bem assim. A queda tinha-me deixado muito mal, as ligações que prendem os ossos da minha bacia tinham sido desfeitos, por isso eu andava torto, a opção era operar e tentar unir os ossos com um parafuso. Mas como os gatos têm ossos muitos pequenos era uma operação muito arriscada e que podia não funcionar. A alternativa era esperar para ver se os ossos conseguiam unir-se na nova posição. Para cúmulo, a pancada na minha espinha tinha-me feito perder o controle da cauda.
O meu dono não sabia o que fazer, diz ele que metia dó ver-me a andar pela casa fora a arrastar a cauda! Eu também não gostava nada. Não a conseguia afastar quando ia fazer necessidades e depois sujava-a toda! A seguir tinha que estar meia hora a lamber-me até ficar limpinho. Sim, porque afinal, lá por eu estar doente não tinha de estar porco.O meu dono já tinha decidido que mais valia cortar a cauda (ia ficar como o Acktan!), pois o veterinário não tinha dado esperanças. Mas o próprio veterinário disse ao meu dono que só valia a penar fazer isso se eu não conseguisse viver bem, eu mordesse a morder a cauda e a causar infecções, por isso mais valia a pena esperar. E foi que o meu dono fez e ainda bem!

Passado um tempo os meus ossos voltaram-se a ligar, mas ficou tudo um bocadinho torto, hoje tenho um andar engraçado e parece que estou sempre meio arqueado. Mas fora isso ninguém nota, aliás, se não souberem de nada nem reparam que ando meio esquisito! Mas fora isso tenho uma vida 100% normal!

O mais engraçado foi a minha cauda. Tal como disse ela estava morta, não tinha controle nem sensibilidade nenhuma, mesmo a dores fortes. Mas passadas umas semanas comecei a mexer a base da cauda, passados uns meses já conseguia mexer até meio da cauda! Hoje tenho o controle completo da minha cauda! Consigo mexer até a pontinha da cauda! Aliás, faço questão de quando o meu dono me leva a comida ir atrás dele com a cauda bem erguida no ar!

A única coisa que fica mal é que ela ficou torta, devido à queda!

Mas eu acho que esta cauda me torna especial, diferente de todos os outros gatos. Sim, porque afinal não são todos os gatos que pode dizer que tem uma cauda que faz ângulo!
E ademais, que ninguém nos ouve, o meu dono fica sempre lamechas quando vê a minha cauda, e já sabem, dono lamechas, recompensa a caminho! Sim, que este acidente não afectou em nada a minha audição, ainda distingo muito bem o ruído da minha lata de comida a ser aberta!

E pronto, esta é a minha história, os meus acidente e tropelias. Ainda muito há para contar, mas isso fica para outra altura, pois já ando farto de dar massagens ao Acktan.

Adeus a todos e até à próxima!

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terça-feira, agosto 24, 2004

A viagem com cio…

Bem, lá vai mais um osso ao Acktan...
Vou acabar a história do cio e depois prometo que deixo o Mac escrever as suas histórias.


Era sexta-feira e eu passei o dia todo com a cabeça cheia de imagens de malas pintadas de vermelho, de animais copular na mala do meu carro em plena auto-estrada! Enfim, um terror total! Até que… a meio da tarde fez-se luz! Claro, que parvo, como não tinha pensado nisto antes?!

A Tuca (que é a cadela com o cio) está a receber um tratamento por causa de uma espécie de verruga e por isso tinha de ficar em Lisboa, para lhe darmos o tratamento lá em casa! Por isso, em vez de levar a cadela para a quinta, leva-se o macho (o Acktan) e traz-se a outra cadela!
Perfeito!

Assim, passei um fim-de-semana estafante deitado no sofá a receber uma injecção da série do Stargate, (afinal, alguém tinha de se sacrificar e ficar em Lisboa a tomar conta da cadela durante o fim-de-semana) e a minha mulher levou o Acktan para a quinta e no domingo trouxe a outra cadela!
As duas cadelas podem se cheirar à vontade e até se montarem uma à outra, que não me incomodam nada! Aliás, se dessa união sair alguma coisa ainda entro para o Guiness!

E quanto ao sangue perguntam vocês? Bom, as cadelas também tem fraldas!
Já não as usava-mos há tanto tempo que até já nos tinha-mos esquecido que as tinha-mos comprado! Agora anda a Tuca toda contente (mais ao menos :) ) de fraldas! Por isso o chão está limpo! O sofá também, só falta mesmo convence-la que durante umas semanas não pode ir para o colo! (ainda bem que eu tiro o fato, mal chego a casa… :) )

Claro que é preciso que de manhã eu me lembre de lhe retirar a fralda antes de a ir passear… de manhã é muito difícil lembrar destas coisas todas… Colocar coleiras, pegar nas trelas, colocar o chapéu, abrir a porta…voltar para trás para buscar as chaves…voltar para trás para tirar a fralda… voltar para trás para voltar a pegar na chaves que se pousou na mesa… enfim, tudo isto antes de um café é difícil!
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quinta-feira, agosto 19, 2004

Rifa-se Cadela!

Bom, vamos começar. Hoje quem fala sou eu! Sim, porque eu também tenho direito!
Para quem ainda não reparou (a imagem pode confundir), hoje quem fala é o bicho de duas patas! Enfim, o dono da bicharada. Para aqueles que acham que isto já é abuso do Blog do Acktan, o que lhe posso dizer é que estejam descansados, o Acktan está aqui ao meu lado todo feliz a roer o osso que lhe dei em troca de usar o seu Blog.


Desculpem lá mas eu hoje tinha de falar, eu sei que há quase uma semana que não havia posts, mas após um fim-de-semana muito atribulado e de uma paragem de digestão durante a noite de domingo nenhum dos animais conseguiu ter tempo a não ser para cuidar de mim.
Mas não era sobre isto que eu queria falar, o que eu quero falar é da rifa que vou fazer. Desde já convido todos os leitores a participarem e adquirir uma rifa, estas vão ser baratas. Aliás, acho mesmo que as vou fazer de borla.
O que vou eu rifar? Perguntam vocês; vou rifar uma cadela, uma linda cadela da marca e modelo Bouvier Bernois, com alguma idade e uso mas ainda muito bem conservada!

Ora digam lá que não é de rifar a cadela!
Hummm? Pois… Tens razão Acktan, se calhar é melhor eu explicar o que se passa.

Então é assim, a desgraçada da cadela tem uns cios muito irregulares, de tal forma irregulares que ás vezes os salta por completo. Ora a data “prevista” para o seu cio era em Maio, por isso quando a data se aproximou ela foi afastada dos outros cães e colocada no canil mais afastado. Sim, porque com a idade dela (creio que já lá vão 8) uma gravidez seria algo arriscada.
Ora, o tempo foi passando, os fins-de-semana iam e vinham como os elevadores e nada de cio! E a pobre da bicha passava a maior parte do tempo isolada dos outros cães. Ora de Maio a Agosto já lá vão 3 meses.
No fim-de-semana passado eu já me pelava com a pobre da bicha que não tinha culpa nenhuma da natureza a ter feito assim. Cheio de pena lá convenci a minha mulher a trazer a cadela connosco nesse fim-de-semana. Para quem não sabe, nós temos 4 cães e normalmente dois estão connosco em Lisboa e os outros dois ficam na quinta. Sendo normal que o Acktan é um dos que está em Lisboa pois é de certa forma o “meu” verdadeiro cão, sendo os outros da minha mulher (pelo menos é o que a minha mulher julga, mas na realidade já tomei posse de todos eles há muito tempo…).
Resumindo, como o cio nunca mais aparecia, calculamos que ela tinha saltado outro cio e assim mais valia vir para Lisboa para ficar junto com o Acktan (que para quem não saiba, é um macho).

Bem dito, melhor feito. Domingo à tarde já estávamos de volta a casa e eu era para lhe dar um grande banho, que a pobre da cadela já parecia uma vadia da rua. Mas a preguiça, ai a preguiça… (é preciso não esquecer que a preguiça é a mãe de todos os vícios e que mãe é mãe e há que respeitá-la!) Vai daí que… sofá o resto do dia, que afinal eu não o comprei só para o cães o usarem.

Na segunda-feira e ainda a recuperar da paragem de digestão, lá me enchi de coragem e lhe foi dar uma grande banho, a ela, a mim, à casa de banho, ao corredor, ao Acktan e só não foi ao gato porque já não tinha mais fôlego! Eu, porque eles ainda tinham muito fôlego para andarem a se esfregar por tudo o que era chão e parede!
Mas valeu a pena, no final já parecia uma senhora cadela com o ar de digno da sua idade.


Nesta altura, aqueles que aguentaram ler até aqui perguntam-se: "Porque raio é que ele que rifar a cadela?" Eu explico…
Então não é que após este trabalhão todo, após estes meses todos, O RAIO DA CADELA DECIDE TER O CIO ONTEM!!! Não há paciência!

Agora, não só os pobres dos bichos têm de passar o dia separados (Macho e Fêmea, lembram-se?), como o meu chão fica todo pintado de vermelho e nem quero imaginar como vai ser no próximo fim-de-semana, quando a tivermos de levar para a quinta! Estou mesmo a imaginar um cão e uma cadela em cio, na mala de um comercial! Junto com as malas! Socorro, tirem-me deste filme, quero ir para um aonde esteja o Pato Donald!

Pronto, aqui está o meu desabafo. As rifas começam a serem vendidas amanhã nos cruzamentos deste Portugal! Se virem uns tipos a vender rifas vestidos de cães, já sabem o que isso significa!
Bem, vou passar o teclado ao Mac, que está prestes a terminar a massagem ao Acktan. Ele deve vir contar sobre a sua espantosa queda do 4ª andar. Ainda tenho que descobrir a quem é que eu apresento as contas do veterinário! Enfim, mas essa historia não é minha (aonde já ouvi isto?).
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quarta-feira, agosto 11, 2004

O Gato e a Secretária

Olá, eu sou o dono desta bicharada toda, o Mac pediu-me para dar uma descrição da secretária sobre qual ele vai falar neste Post.

Esta secretária está comigo desde os meus tempos de faculdade e já nessa altura era uma grande secretária, não quero com isso dizer que ela tem crescido, mas sim que eu acho que as outras secretárias têm vindo a diminuir ao longo dos anos. Seja como for, esta secretária tem um tampo de qualquer coisa como 2 metros de comprido por 1 metro de largura e é bastante pesada.
De notar que muito dificilmente alguém aplicaria o adjectivo de fraquinho à minha pessoa. Aliás, acho que a única altura em que eu poderia passar por pequeno e fraco seria no meio de um campeonato de Sumo (num Basho) e mesmo assim teria algum receio de ser confundido com um amador. Mesmo assim, o tampo é de tal forma pesado que para o levantar sozinho tenho sempre que pedir para baixarem um bocadinho a força da gravidade.

Na altura em que estes eventos têm lugar, eu tinha me mudado há pouco tempo para esta casa e por tal a casa mais parecia um acampamento, com caixotes por todo o lado. Não que hoje em dia o meu escritório esteja muito melhor, mas a minha mulher tem de uma forma constante e persistente conseguido mudar o ar da casa do estilo solteirão para o estilo de casa que aparenta viverem seres humanos sociáveis e sofisticados (impressão essa que é mantida até o momento em que eu surjo às visitas…).
Neste particular dia eu estava a montar uma série de móveis e secretárias no escritório e por tal tinha uma montanha de coisas todas umas em cima das outras, nomeadamente o referido tampo estava ao alto encostado a nada e junto a outras peças da secretária e outros móveis. Como era normal, eu tinha comigo o gato (Mac) e o cão (Acktan), de forma a vigia-los e garantir que não se metiam em asneiras, sim porque o Mac é perito nisso, aliás lembro uma vez que…
Sim, Mac? O que foi?
Sim, já acabei de descrever a secretária.
Sim, eu sei que o Post é teu e não meu. Não, não vou fazer massagens nenhumas ao cão!
Ok, pronto eu largo o teclado.
Adeus!



Estava a ver que o meu dono nunca mais parava, ele quando se entusiasma é assim, mas é boa pessoa apesar de ser um cabeça no ar, pelo menos não se esquece daquilo que realmente é importante, como seja dar-me de comer.
Neste dia em particular eu estava todo contente, era a primeira vez que estava no escritório e tudo era novo para mim. Ao princípio fiquei um bocado assustado, não conhecia nenhuma dos cheiros, por isso achei melhor encostar-me ao canto durante meia hora para garantir que não havia nenhum monstro escondido. Sim, por que para monstros à vista já bastava o cão, que andava a cheirar tudo e volta e meia parava e tentava levantar uma das patas traseiras, mas antes que conseguisse fazer fosse o que levava uma palmada do dono e era corrido para a varanda.
Quando finalmente fiquei à vontade, foi uma alegria, tantos buracos para me esconder, tantos túneis, havia até três caixotes uns em cima dos outros, no topo destes tinha-se uma vista do escritório fabulosa, o meu dono é que não achou piada nenhuma e mal me viu aí mandou-me logo dali para fora, um verdadeiro desmancha-prazeres. Mas o que eu mais gostei foi da corda, havia bocados de corda por todo o lado para eu brincar, se não fosse o palhaço do cão que sempre que me via a brincar com um bocado de corda tinha ir cheirar e morder a minha corda! Bolas com tantos bocados, ele tem sempre de se meter com aquele que eu estou a brincar!

A certa altura, eu e o cão decidimos brincar as escondidas, enquanto o dono estava mais distraído com as montagens. Eu escondia-me dentro do rolo da carpete e o cão enfiava lá o focinho e levava uma trica! Tudo correu bem até que o cão descobriu que podia fazer o rolo rodar com o focinho! Vai daí, que decidi que era melhor procurar outro sítio para me esconder e achei que entre o tampo da secretária e as outras peças havia espaço para mim. Bem dito, melhor feito, aninhado aí o cão não me conseguia chegar. O cão bem andou à volta, mas não conseguiu descobrir forma de chegar a mim. É nesta altura que o cão teve uma das sua piores ideias, inspirado pelo facto de conseguir rodar a carpete com o focinho decidiu-se atirar contra as peças das secretárias! Escusado será dizer que voaram peças por tudo quanto era lado, uma perna da mesa para ali, um cão para acolá, um tampo da mesa para o outro lado e um gato sabe-se lá bem para aonde. O barulho que isso causou fez o meu dono dar um salto mortal à retaguarda, o referido barulho só foi mesmo suplantado pelo par de berros que o meu dono me mandou a mim e ao cão!

Após a poeira assentar, o meu dono utilizou a velha lógica que diz que do chão não já passa e por tal achou que a nova posição do tampo era mais segura que a anterior e continuou a fazer o que estava a fazer. Só passado 1 hora é que acabou de montar a outra secretária e achou que por hoje já bastava e que amanha também era dia para montar secretárias, aliás que o resto do mês era mês de montar secretárias e que o melhor mesmo agora era ir descansar para o sofá. Vai daí, que foi pegar no cão e em mim. Ora eu estava precisamente no mesmo sítio que há uma hora atrás, ou seja encostado a um canto e com vontade de fazer um buraco na parede para me esconder. O meu dono que já estava habituado a este comportamento desatou a dizer que o barulho já tinha passado (como se eu não soubesse), que estava tudo bem (isso julgava ele), etc. etc. e enquanto me faz uma festa, pega em mim ao colo e vamos os dois juntos buscar o cão.

É nesta altura que se calhar é melhor avisar as pessoas mais sensíveis que devem saltar o próximo parágrafo, principalmente aquelas que forem sensíveis ao sangue…

Estava eu a ronronar todo contente, quando o dono faz uma festa ao cão e diz-lhe para vir embora, a seguir olha para o cão e diz muito espantado: “Sangue? Acktan como é que tens sangue no pêlo?” Espantado olha a sua mão e vê que esta está cheia de sangue. Felizmente que o meu dono não se impressiona com sangue, pois no momento a seguir ele desata a olhar para mim meio perplexo, pousa-me no chão e vê que a minha cauda tinha cerca de 2 centímetros de osso à mostra! Não que o osso estivesse partido, nada disso (não se assustem), a pele à volta do osso é que tinha desaparecido!

Mais tarde, o meu dono encontrou a pele que me faltava debaixo do tampo, descobriu também que os cães e gatos têm baixa sensibilidade na cauda e percebeu porque é que eu não tinha desatado num berreiro (ou devo dizer: miadeiro) e porque estava tão dócil que me pegou ao colo.

Mas isso foi mais tarde, naquela altura nada disso lhe passou pela cabeça! Correu comigo ao colo (o cão quase que ia ficando no fechado no escritório) e como eu não estava a perder sangue, embrulhou-me num cobertor, meteu-nos a todos no carro e toca a correr para o veterinário!
Nesta altura quero fazer um aparte sobre a forma de condução do meu dono, sim porque eu sei que ele não vai conseguir resistir a ler este Post, assim aproveito para lhe mandar umas dicas! Dono, eu NÃO GOSTO DE VELOCIDADE! Sim, eu sei que na minha caixa não vejo as coisas a passar, mas sinto perfeitamente que andas depressa demais para o meu gosto. Para provar o que digo, deixa-me só dizer-te que de cada vez que fazes uma das tuas travagens à bruta, durante alguns momentos a gravidade dentro da minha caixa muda e o lado da minha caixa vira chão! ANDA MAIS DEVAGAR!

Bom, depois deste aparte, não há realmente muito mais a dizer. No veterinário tirei um raio X e estava tudo bem, o osso estava intacto e era só a pele que faltava. O veterinário coseu tudo muito bem, não sei como ele consegui juntar a pele toda mas a verdade é que não me falta pele em parte alguma…
Andei algumas semanas com a cauda toda tosquiada (é pena não haver fotos dessa altura), parecia um gato maltês. Pelo menos foi um descanso para mim, bastava o cão olhar na direcção da minha cauda e levada logo um berro ou uma palmada do dono (o que estivesse mais ao perto). Foram dias gloriosos, eu a passar de cauda erguida mesmo em frente ao cão e este nem se mexer podia, porque senão…

Passado longas semanas o meu pêlo cresceu e hoje nada se nota. Apenas com uma lupa se consegue ver a cicatriz que tenho!

E pronto, foi assim que perdi mais uma vida. Mas se julgam que as minhas tropelias acabam aqui, estão muito enganados. No próximo Post vou contar sobre o meu mergulho de um 4º andar!
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terça-feira, agosto 10, 2004

O Gato e a Porta Blindada

A minha sorte é que nós os gatos temos muitas vidas, com a vida que eu levo as companhias de seguros quase que se recusam a me fazer um seguro de saúde…

Desde pequenino que eu sou um gato muito tímido, talvez porque foi afastado da minha mãe e dos meus irmão muito cedo (tinha duas semanas), talvez porque nunca convivi com outros gatos, apenas outros cães. Aliás, ainda hoje tenho um complexo de identidade, não sei bem se sou gato, se sou cão. Se o meu dono me ralha, faço logo como o cão, deito-me e viro a barriga para cima e olho para o lado… em compensação o cão tens desvairos felinos, como seja molhar as patas da frente e usa-las para limpar o focinho… enfim animalisses.

Mas estou-me a desviar do assunto. Dizia eu, que sempre fui muito tímido e carente, houve uma vez que o meu dono teve de ir para fora numa sexta-feira e só voltava no sábado à noitinha e tinha receio de me deixar sozinho (isto porque eu era ainda muito pequenino para fazer viagens) mas por sorte um amigo dele ia ficar lá em casa esse fim-de-semana, por isso ele deixou-me muita comida na sexta (fiz um banquete) e pediu ao amigo para tomar conta de mim quando chegasse na sexta. Pois é, o tempo passou e finalmente chegou o Sábado pela noitinha, quando o meu dono entrou o amigo perguntou-lhe porque é que ele tinha afinal levado o gato, meu dono ficou logo muito espantado e assustado pois ele tinha deixado o gato em casa, mas o amigo tinha ficado o sábado todo em casa e não me viu nem ouviu! O meu dono desatou logo a chamar-me muito preocupado, assim que ouvi a sua voz fiquei logo mais descansado e sai do meu esconderijo, afinal eu também já estava cansado pois tinha ficado escondido DENTRO do cadeirão todo o sábado!

Mas, mais uma vez fujo ao assunto, eu estou aqui para falar da porta blindada e porque é que eu tenho uma relação íntima com ela. A minha casa (ou do meu dono, enfim é tudo o mesmo) tem uma porta de entrada do estilo blindado, daquelas pesadas, sabem como é. Mas agora estou me adiantar, vamos antes falar do cão. Nós cá em casa já sabemos reconhecer o ruído do elevador e dependendo das horas sabemos se é o dono que está a chegar ou não. O cão sempre teve o hábito de ir esperar o dono à porta, como sempre a abanar aquele toco ridículo que ele chama de cauda (deve ser por inveja que ele anda sempre a morder a minha), mas eu não sou desses, espero sentado no sofá que o meu dono me venha dar uma festa, coisa que nunca acontecia pois o palerma do meu dono acha que se eu quero festas devo ir ter com ele… houve um certo dia que eu achei que já era demais e que eu tinha direito a receber festas tal como o cão. Assim, nesse dia eu decidi juntar-me ao cão a receber o meu dono quando ele chegasse a casa, desgraça a minha… nesse dia o meu dono vinha muito chateado com o trabalho, saiu do elevador a resmungar e a chamar nomes. Sabem, ele é um gajo do Porto e de vez em quando muda para um dialecto muito usado nas vielas mais escuras da Invicta cidade, seja como for, ele entra em casa meio ao berros e nem nota que o cão e eu estávamos ali à sua espera, cheio de fúria fecha a porta com toda a força (lembram-se de eu ter falado nesta porta? A tal que é blindada e PESADA!?), o cão que já nem liga quando o meu dono fica de mau humor e foi logo para junto do sofá, mas eu assustado com isto tudo fugi a correr a 7 pés (ou devo dizer patas?), mas com a confusão toda em vez de fugir para a sala, fugi para fora de casa, em direcção a uma porta blindada prestes a executar o seu trabalho de uma forma estrondosa… escusado será dizer que o estrondo da porta foi significativamente reduzido devido à minha intervenção, o ruído final terá sido na mesma grande apenas devido ao facto de o meu dono ter reparado (infelizmente, ¼ de segundo tarde de mais) o trágico encontro que estava prestes a acontecer.

E de repente tudo ficou negro, nada mais me lembro, o que sei a seguir foi porque o cão me contou. Após a porta ter entrado em contacto directo com a minha cabeça fiquei completamente duro, tão duro que o meu dono pensou se não seria um rigor mortis em velocidade de cruzeiro, mas ele achou que eu podia ser salvo, por isso o meu dono reanimou-me como se eu fosse uma pessoa, massagens cardíacas e tudo (não, não fez respiração boca-a-boca, que nojo de pensamento) e passados uns segundos eu abri o olhos, até me assustei de ver a cara do meu dono quase em cima de mim, mas não me conseguia mexer. O meu dono lá esteve durante bastante tempo a tratar de mim e lentamente recuperei completamente os sentidos e tudo parecia estar bem. O meu dono disse-me que aparentemente não tinha nada, mas por vida das dúvidas passou a noite ao meu lado. O que para mim foi uma seca, de cada vez que eu adormecia o meu dono passava-se e acordava-me só para ver se eu estava bem, bolas!

No dia seguinte, logo pela manha, fomos ao veterinário e as radiografias mostram que tudo estava bem. Só passados vários dias é que os efeitos da porta se fizeram sentir. Hoje sou um gato chorão, o meu olho esquerdo está sempre a lacrimejar o que obriga a que o meu dono me faça uma massagem (que eu gosto) para aliviar, enfim podia ter sido pior (eu acho…).

Pois é, foi assim que eu perdi a minha primeira vida… agora da segunda vida, ó cão não me chateies! Já te dei massagens que duram para uma vida inteira! Está quieto e deixa-me contar a história de quando tu me mandaste o tampo da secretária para cima de mim! Acktan larga esse fio de electricidade! Acktan vais desligar este computador! Ack…
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sexta-feira, agosto 06, 2004

Macavity Mohawk

Olá, eu sou o gato cá da casa, o meu nome completo é Macavity Mohawk, mas como tive alguma dificuldade em fixar esse nome sou conhecido apenas por Mac.


Bom, se calhar eu devia explicar porque é que estou a escrever no diário do cão, sendo eu um gato… O que se passa é que fiz um acordo com o Acktan, por cada post que ele me deixar fazer, eu faço-lhe duas massagens.

Assim ficamos todos contentes. Sim, porque não é só o cão que tem histórias para contar, eu não perdi já 7 vidas por não me acontecer nada…

Mas vamos ao que interessa, como é que eu fui parar à casa do maluco do meu dono. O meu dono andava a procurar um companheiro para o cão, o meu dono é mais cães que gatos, mas achava que dois cães naquela casa já era muita fruta (ou melhor, muita cachorrada), assim decidiu que o melhor era arranjar um gato, que é mais pequeno e dá menos trabalho (pensava ele, o pobre ignorante). Desta forma andava a tentar adoptar um gatinho abandonado, por um amigo soube de uns senhores que tinham uma gata vadia que tinha tido uma ninhada e foi me buscar! Bom na realidade não foi bem assim, da primeira tentativa os senhores mostraram-lhe 3 gatinhas (acho que o meu dono teve sérios problemas a identificar se eram gatas ou gatos… espero que não sejam assim com a raça humana, pobre dono…), mas ele queira era um gato, por isso teve de voltar dali a uns dias e o único gatinho que os donos conseguiram apanhar fui eu… e foi desta forma que eu foi parar a casa do meu dono, mais pequeno que a mão dele…



Após alguns dias lá em casa, tal como aconteceu com o cão começou a minha educação para o mundo civilizado. Primeiro aprendi que bufar era falta de educação. Apesar de achar que o meu dono podia ter arranjando melhor método para me ensinar isso. Imaginem o que é ter a cabeçorra do meu dono encosta ao meu focinho a bufar mais que eu… dava-me cada susto…
Aprendi também que a garras são muito giras mas é para usar em sítios que não incluam o meu dono (nem o cão). Ainda hoje quando ouço a palavra “garras” já sei que estou a abusar!

Depois dessas lições básicas começou o meu treino, mas eu sou um gato muito assustadiço, quando faço algo errado noto logo que o meu dono fica chateado e quero é fugir. O cão não lhe liga, já está habituado, mas eu não gosto. Por isso demoro muito mais a aprender as coisas, mas se for levado a bem chego lá.
Hoje já sei uma série de coisas, sei esperar quieto como os cães, o meu dono tem a mania de nos pôr os pratos de comida à frente, mas só podemos começar a comer quando ele manda, ele acha que isso são boas maneiras, eu acho uma parvoíce, mas enfim. Sei também pôr-me de pé, vir quando sou chamado (se não estiver a dormir na casota), rodopiar e mais uma série de coisas giras.

Bom, acho que vou contar a historia do dia em que fiz uma placagem a uma porta blindada… o que Acktan? Acabou o tempo, mas ainda tenho muita coisa para contar? Como mais massagens? Tás parvo? Ok, ok, fica para o próximo post…
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quarta-feira, agosto 04, 2004

Entra o Gato

O meu dono trabalha muito (pelo menos é o que ele diz), por isso eu passo muito tempo sozinho. O meu dono já me disse que está previsto eu ter companhia dentro de alguns dias. Eu estou ansioso pelo momento de ter um companheiro de brincadeira.
Espero que seja uma cachorra, porque é que espero isso não sei, mas algo lá no fundo algo me diz que uma cachorra era uma coisa boa.

Hoje o meu dono chegou com uma caixa nova que tinha um cheiro muito estranho…
Dentro dessa caixa estava uma bola de pêlo que fazia fissss fissss, não percebi o que é que a criatura tinha feito, mas enfim.



O meu dono teve medo que a bola de pêlo me magoasse os olhos ou que eu me sentasse em cima dela, por isso durante dois dias tive de dormir fechado na minha caixa encostado à caixa da bola de pelo, só podíamos estar juntos quando ele estava a brincar connosco.

Após uns dias descobri que a bola de pêlo era um gato (e então a cachorra??) e como o gato já estava a ficar educado (já sabia que por a unhas de fora era feio e que bufar era mau) o meu dono já me deixava brincar com o gato à vontade. Até já comíamos da mesma tigela e tudo…





Depois o meu dono achou por bem trocar as nossas camas, qualquer coisa haver com o cheiro um do outro, seja lá como for descobri que gostava mas da cama do gato que da minha e a partir dai não quis outra coisa…



Enfim já tinha um companheiro para as brincadeiras…


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Fim da primeira parte

Bom, a primeira parte já está,
ou seja já recriei todas as entradas que tinha no diário anterior, agora só me falta acrescentar as entradas até ao dia corrente…

Para já e se quiserem se divertir, aqui está uma colecção de fotografias que acho que valem a pena.

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segunda-feira, agosto 02, 2004

O Computador

O meu dono mudou a minha cama de sítio, não percebi porque é que ele quer que eu vá para o outro lado da sala.


Hoje o meu dono não me liga nenhuma, fica ali sentado em frente a uma caixa preta e a bater com os dedos. Por isso decidi dormir mais um bocado, mas como está quente, deitei-me no chão que está mais fresco e só coloquei a cabeça na cama.

Acordei e quero brincar, se o meu dono não brinca comigo vou brincar com estes fios ligados à caixa preta. Ah! Ai está o meu dono para brincar.
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A Tosse

Acordei quase de manha, outra vez com vontade de ir à ao WC, mas o meu dono não acordou, por isso tive de fazer xixi na caixa, mas fiz pouquinho pois queria dormir ali. Quando o meu dono acordou levou-me para fazer xixi, mas eu já tinha feito.
Quando ele foi ver a caixa descobriu o que eu tinha feito durante a noite e tirou o cobertor de lá. Como já tinha sujado o outro cobertor e ainda não estava seco, o meu dono fechou a caixa e fiquei a dormir ao lado dele no sofá.

Hoje dormi muito, fiquei a dormir quase toda a manha junto do meu dono, ele diz que está muito cansado pois dormiu muito mal. Eu estou com algo na garganta e farto-me de tossir e às vezes parece que me engasgo, outras vezes pareço um gato a cuspir uma bola de pelo. O meu dono diz que deve ser por eu pensar que sou um aspirador e lamber todos os cantos da sala e todo o mais que me aparece no chão. Mas durante a noite cada vez que tossia o meu dono assustava-se. Quando finalmente parei de tossir o meu dono levou um grande susto, porque não me ouvia a fazer barulho e acordou-me! Ele diz que na segunda de manha vou ao veterinário, não sei o que é isso mas espero que tenha coisas boas.
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O Jantar


Ao jantar, comi no meu quarto. Quando acabei de comer não vi o meu dono, mas já não tive medo. Passado um bocado ele tirou-me as tigelas pois eu estava a meter a pata na poça. O meu dono riu-se muito com isso, ainda me assusto com o riso do meu dono, mas já percebi que não me faz mal. Depois do jantar o meu dono voltou a colocar-me na porcaria dos jornais, mas eu sou teimoso e decidi que já que não podia brincar com eles então deitava-me. Quando ele me tirou de lá, aproveitei para rapidamente fazer um xixi, junto à porta.


Eu já estava cheio de sono, mas o meu dono não, ainda brincou comigo bastante tempo, depois colocou-me na caixa e deitou-se ao meu lado. Adormeci logo. Acordei várias vezes, mas recebia logo festas e adormecia de seguida.

Acordei com vontade de ir fazer xixi e fiz barulho, foi logo tirado da caixa e colocado nos jornais e fiz xixi mesmo aí, recebi muitas festas e voltei para a caixa para dormir mais.
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A Caixa


O meu dono montou uma caixa enorme no meio da sala, depois andou a meter umas caixas grandes lá dentro, gostei de brincar com as caixas, mas quando ele deixava cair uma caixa assustava-me com o barulho. Depois, quando atirou os meus brinquedos lá para dentro, eu pensei que aquilo era uns arrumos, mas depois ele colocou água lá dentro e como estava cheio de sede entrei para beber, aproveitei e trouxe um brinquedo para fora. Depois o meu dono voltou a dar algo que me sabia muito bem e colocou um grande bocado dentro da caixa, por isso fiquei lá dentro a comer. Quando acabei sai.



Uma das vezes em que entrei na caixa para ir buscar um brinquedo o meu dono fechou a porta, assustei-me muito pois não gosto de estar fechado. Gani muito mas o meu dono não me abriu a porta, em vez disso só me fez festas. Acho que o meu dono não é muito esperto e não percebe que eu queria era sair e em vez de receber festas. Como desatei a lhe lamber a mão tive de parar de ganir, nessa altura o meu dono abriu-me a porta. Passou o dia a fazer-me destas partidas, tentei esgravatar a caixa e até morder, mas é muito dura. Houve uma vez que adormeci nos braços do meu dono, quando acordei estava dentro da caixa, mas não gani pois estava ainda com sono, quando me levantei o meu dono abriu a porta. Acho que afinal esta caixa é o meu quarto, o meu dono faz-me muitas festas sempre que vou para lá sozinho. Só não gosto de deixar de ver o meu dono, tenho muito medo de ficar sozinho, podem haver monstros por ai. O meu dono fartava-se de ir fazer coisas à varanda, mas não me deixava ir para lá. Eu batia no vidro para ele voltar, mas ele dizia que não. Pelo menos eu via-o. Ao final do dia já me deixou ir para a varanda, a vista é bonita mas faz muito vento. Ele fartou-se de queixar que afinal a rede não dava (não percebi o que era a rede, amanha eu descubro).

Sempre que o meu dono se levanta eu vou atrás dele, pois ás vezes ele dá-me coisas boas. Ainda não percebi porque é que ele anda sempre a dizer uma palavra difícil de repetir, mas quando ouço essa palavra e vou ver o que é ganho coisas boas.
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O acordar

O sol nasceu e o meu dono acordou antes de mim, mas como eu ainda estava cheio de preguiça ficamos os dois mais um bocado deitados.

Depois deu-me comida e agua, agora eu já estava cheio de fome, por isso comi tudo. Não gosto nada da mania do meu dono de volta e meia pegar em mim e meter-me no meio de jornais com os quais não me deixa brincar. Mas como estava com vontade fiz xixi mesmo aí! O meu dono assustou-me com as festas que me fez, bem que podia escolher outra altura para me fazer festas, a meio do xixi não dá jeito nenhum.

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Passei o dia a dormir e a brincar, depois do almoço apeteceu-me fazer cocó, mas mal comecei o meu dono deu um berro que me assustou e pegou em mim e colocou-me outra vez nos jornais. Demorei muito até voltar a me dar vontade de fazer cocó, mas depois fiquei melhor.

O meu dono fartou-se de tentar brincar comigo, mas não achei muita piada aos brinquedos que ele me deu. O que eu mais gosto é mesmo um bocado de cartão que está sempre a fugir de mim.

Farto-me de escorregar e cair, não gosto do chão. Sempre que posso faço-lhe xixi em cima. O meu dono diz que vai ver o que consegue fazer em relação ao chão.
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A minha nova casa (primeira noite)

Quando finalmente o mundo parou de tremer e as malditas curvas acabaram, eu não sabia aonde estava. Fui colocado com a minha caixa dentro de uma caixa muito grande que tinha uma portas que fechavam sozinhas. O meu dono deixou-me sozinho ai, pois não conseguia segurar-me a mim e ao saco da minha comida. Não tive medo nenhum e quando as portas abriram e vi o meu dono fiquei logo contente.


Depois chegamos a casa. O meu dono mostrou-me a casa toda e deu-me água. Depois deixou-me explorar a sala à vontade, mas eu tinha muito medo e não quis sair da beira dele. Também não queria brincar, só queria os meus irmãos, mas como sou forte não chorei. Muito mais tarde ganhei coragem e foi passear pela sala, mas estava tudo jeito de cheiros e sons que não conhecia, tudo me assustava.

O meu dono deu-me comida e água, mas eu não tinha fome nem sede. Depois mostrou-me uma cama aonde podia estar. Recebi um brinquedo e uma guloseima que sabia muito bem, o meu dono brincou com o meu brinquedo, mas eu não achei piada ao brinquedo, preferi brincar com o meu dono.

Passado um bocado fiquei cheio de sono e tentei adormecer na minha cama, mas tudo me assustava ainda muito, por isso o meu dono dormiu no sofá e eu dormi abraçado por ele. Ele pôs-me algo no pescoço que eu não percebi o que era, mas como estava cheio de sono não liguei. Ele disse que era para se eu acordar durante a noite o acordar a ele também.
Dormi muito mal, fartei-me de acordar. De cada vez que acordava o meu dono pegava logo em mim e colocava-me em cima de uns jornais que fazem um barulho engraçado, mas sempre que começava a brincar com eles o meu dono não me deixava. Se não era para brincar com os jornais, porque é que ele me põe em cima deles? Eu ainda não sei ler jornais! O meu dono é muito confuso.
Ouve uma vez durante a noite em que o meu dono me deixou sair de cima dos jornais enquanto ligava as luzes, assim pode fazer xixi no meio da sala que era o ponto de melhor vista. Não gosto de estar ao colo, tenho muito medo das alturas.

Depois finalmente adormeci profundamente e não voltei a acordar o resto da noite.
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A Viagem para casa (2002-07-05)

Hoje fui afastado dos meus irmãozinhos, desde há uns dias que já tinha perdido alguns, não sei para aonde foram. Já não vejo a minha mãe há alguns dias. Estou um bocado confuso.


O meu dono é muito grande e tem uma voz muito forte.


O meu dono levou-me para o carro dele (eu pensava que ele me tinha dado o carro da última vez que me viu, pelo menos tinha me entregue as chaves).



Quando fiquei sozinho no carro com ele tive muito medo, tremi muito, mas não gani. Nunca tinha estado longe dos meus irmãos. Mas o meu dono teve muita paciência, teve 15 minutos a fazer-me festas até eu parar de tremer e acalmar. Depois pões-me numa caixa com um cobertor e um trapo que tinha o cheiro da minha família. Não gosto de ficar em sítios apertados, voltei-me a assustar e tentei sair, mas o meu dono não me deixou e eu voltei a ficar calmo.

Depois ligou a musica, gostei muito. O meu dono explicou que era as quatro estações de Vivaldi, tocadas por uma menina com um nome estranho. Quando o motor começou a trabalhar não me assustei, mas quando o meu mundo começou a tremer e a mexer-se não achei piada nenhuma. Gani assustado mas como recebi logo uma festa vi que estava tudo bem.

A viagem demorou muito tempo e eu estava cheio de sede, mas o meu dono queria ir devagar para eu não enjoar.

Não tive medo durante a viagem, pois o meu dono ia sempre a fazer-me festas. No final já gostei da velocidade e o meu dono já pode ir mais rápido.
Não gostei de uma coisa chamada curvas pois ficava de pernas para o ar. Quando for grande e vir uma curva vou-lhe dar uma trinca.

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Introdução

Há dois anos atrás comecei cheio de boa vontade a criar um diário do meu cão, infelizmente a boa vontade não resistiu a pressão dos múltiplos projectos!
Não é que eu tenha problemas em lidar com múltiplos projectos distintos, a chatice é que todos eles partilhavam uma coisa em comum: o prazo de entrega… que era para ontem…
Dois anos após e ainda com múltiplos projectos, vou tentar retomar este diário. Para começar vou copiar as entradas que tinha feito e colocar aquilo de que me lembro até chegar-mos ao dia de hoje… vamos lá ver o que dá…

Comentários construtivos são bem-vindos, comentários destrutivos são ignorados e os insultos são remetidos para análise e tratamento pelo meu gato (Macavity Mohawk, mais conhecido por Mac!)
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