A Queda de um anjo…
Miau, finalmente o meu dono largou o teclado e eu posso continuar a contar as minhas histórias. Hoje vou falar do momento mais infeliz que eu tive.
Nós moramos num 4º andar, que tem varandas de ambos os lados da casa, uma varanda grande e uma mais pequena.

Mas por norma não estamos nas varandas, pois como somos todos animais bem comportados o nosso dono deixa-nos andar pela casa quase toda, menos o quarto. Acho que tem algo haver com umas coisas chamadas fatos que lá existem. Mas uma vez por semana vão lá a casa as senhoras da limpeza e nessa altura temos todos de ficar numa varanda que é para não atrapalhar. Eu até gosto das senhoras, quando lá vão fazem-me sempre umas festinhas. Só não acho piada quando ligam o aspirador! Até me encolho todo na caixa!
Por norma eu ficava sempre com o Acktan, assim sempre brincávamos um com o outro. Ás vezes na varanda grande, outras na pequena. A varanda grande tem uma rede a toda a volta, mas a varanda pequena não. Eu até gosto da rede, gosto de trepar por ela acima e andar de lado a fingir que sou o gato-aranha! O meu dono não acha piada nenhuma, principalmente quando me vê a andar em cima do corrimão, como se aquilo tivesse dois metros de largura! Enfim, ele é apenas humano e não percebe nada de gatos!
Mas estou-me a desviar. Houve um certo dia, mais precisamente um dia de limpeza em que eu e o Acktan fomos para a varanda pequena, que dá para a frente do prédio, e aí ficámos durante o resto do dia.
Ora, talvez seja melhor explicar como é o Acktan. O Acktan é um Rottweiler bobo e trapalhão, em que basicamente a sua cabeçorra é do meu tamanho todo! Ele sempre teve a mania de me enfiar o focinho por debaixo da cauda e depois lá ando eu a fazer o pino! Isso e a mania de achar que eu sou um cachorro e de colocar a patinha em cima do lombo, o que tem como efeito imediato eu ficar espalmado no chão com uma pata para cada lado, estilo rosa-dos-ventos! Enfim, o que eu tenho de aturar! Ainda por cima o bruto é duro e insensível, eu bem me farto de lhe trincar as patas e o lombo, mas é como se nada fosse. Como desaforo final, o mamífero quando está a dormir, ás vezes confunde as minhas violentas trincas (quando acorda) com picadas de pulga e desata a coçar-se como um tolo! Felizmente que descobri o seu ponto fraco! As orelhas! Uma boa trinca numa orelha e é vê-lo a dar um salto mortal à retaguarda em plena rotação! Claro que logo a seguir ele me manda a pata em cima, mas pelo menos tenho o gosto de o ver mostrar os dentes todos!
Mas deixa-me voltar ao fatídico dia.
Nesse dia eu e o Acktan estávamos muito alegres, sempre a brincar um com o outro e assim foi durante parte do dia. A meio da tarde eu queria era dormir e o pateta do cão não me deixava em paz, vai daí dei-lhe uma valente trinca na orelha para ele ficar quieto. Acto contínuo, levei uma patada e fiquei espalmado de costas! Como não sou de me ficar apliquei-lhe uma boa trinca na pata, e então não é que o palerma do cão me manda uma patada e atira-me abaixo da varanda!!
Não é que a queda de 4 andares me preocupe por aí além, não tive muito medo e até tive tempo para me preparar para ter um encontro imediato com o chão. Tudo teria corrido bem se não fosse o facto de que a varanda do rés-do-chão ser mais saliente do que a outras e eu não estar à espera disso. Como resultado choquei violentamente contra o parapeito à velocidade máxima! Bati com a parte de trás do meu corpo e fiquei estatelado no chão.
Passado um bocado recuperei, mas estava cheio de dores, miei muito, mas ninguém me veio ajudar, por isso a muito custo arrastei-me até à entrada do prédio, pois sentia o cheiro do Acktan ali e isso parecia-me bem, mas não estava em casa e por isso tive muito medo.
Depois alguém abriu a porta do prédio. Eu entrei a correr e tentei entrar no elevador (eu sabia o que era o elevador pois quando o meu dono me levava a qualquer lado eu passava por ali), mas a porta estava fechada. O senhor que me abriu a porta tentou-me pegar, mas eu deitava muito sangue e tinha muitas dores, por isso bufei-lhe e ele teve medo. Assim, o senhor foi buscar uma vizinha que tinha 9 gatos, pois ela talvez soubesse o que fazer. Mas ela viu que eu estava muito mal e achou que era melhor ligar para o meu dono. Como o senhor tinha o número do telemóvel do meu dono, ligou-lhe e perguntou se ele tinha um gatinho e disse-lhe que eu estava no rés-do-chão do prédio.
Acho que o meu dono teve uma coisinha má. Desta vez não me queixo da velocidade dele, pois deve ter vindo do centro de Lisboa até a casa num foguetão!
Quando ouvi a voz do meu dono senti-me logo melhor e deixei que ele me pegasse ao colo sem me queixar. Mas as dores eram muitas por isso eu miava baixinho. O meu dono foi logo a correr buscar a minha caixa, encheu-a de mantas e colocou-me lá com muito jeitinho, pois eu sangrava da boca e da pilinha e fomos logo a voar até ao veterinário.
Eu estava muito mal, a minha cauda estava morta, não tinha nenhuma reacção. A minha urina estava cheia de sangue e o veterinário disse que eu talvez não passasse dessa noite...
Fiquei uma semana no veterinário, nos primeiros dois dias não se sabia se eu ia sobreviver ou não, mas após esses dias, comecei a despertar e a recuperar. Os outros dias foram só para observação, pois o Veterinário já dizia que eu ia ficar bom! Mas ia ficar meio torto...
Não gostei nada de ficar na clínica, as pessoas eram todas muito simpáticas e faziam-me muitas festas, mas doía-me tudo por isso nem sequer conseguia ronronar.
De cada vez que o meu dono visitava eu pensava que era agora que ele me ia levar para casa, mas nada. Ele bem me fazia festas e dava-me turras (essa foi eu que lhe ensinei!), mas o que eu queria mesmo era estar deitado na minha cama, enrolado nas minhas mantinhas quentinhas. Não no meio de outros bichos que faziam muito barulho. Será que ninguém lhes deu educação em casa?
No final da semana o meu dono não me foi visitar durante dois dias seguidos e eu pensei que ele tivesse-me abandonado à minha sorte e fiquei muito triste. Mas passado dois dias ele voltou a aparecer e trouxe-me para casa. Ele encheu-se de desculpas sobre que teve que ir não sei bem aonde. Desculpas! Só não lhe dei uma dentada por estava muito fraco e afinal já estava em casa, por isso tudo estava bem.
Não é que a queda de 4 andares me preocupe por aí além, não tive muito medo e até tive tempo para me preparar para ter um encontro imediato com o chão. Tudo teria corrido bem se não fosse o facto de que a varanda do rés-do-chão ser mais saliente do que a outras e eu não estar à espera disso. Como resultado choquei violentamente contra o parapeito à velocidade máxima! Bati com a parte de trás do meu corpo e fiquei estatelado no chão.
Passado um bocado recuperei, mas estava cheio de dores, miei muito, mas ninguém me veio ajudar, por isso a muito custo arrastei-me até à entrada do prédio, pois sentia o cheiro do Acktan ali e isso parecia-me bem, mas não estava em casa e por isso tive muito medo.
Depois alguém abriu a porta do prédio. Eu entrei a correr e tentei entrar no elevador (eu sabia o que era o elevador pois quando o meu dono me levava a qualquer lado eu passava por ali), mas a porta estava fechada. O senhor que me abriu a porta tentou-me pegar, mas eu deitava muito sangue e tinha muitas dores, por isso bufei-lhe e ele teve medo. Assim, o senhor foi buscar uma vizinha que tinha 9 gatos, pois ela talvez soubesse o que fazer. Mas ela viu que eu estava muito mal e achou que era melhor ligar para o meu dono. Como o senhor tinha o número do telemóvel do meu dono, ligou-lhe e perguntou se ele tinha um gatinho e disse-lhe que eu estava no rés-do-chão do prédio.
Acho que o meu dono teve uma coisinha má. Desta vez não me queixo da velocidade dele, pois deve ter vindo do centro de Lisboa até a casa num foguetão!
Quando ouvi a voz do meu dono senti-me logo melhor e deixei que ele me pegasse ao colo sem me queixar. Mas as dores eram muitas por isso eu miava baixinho. O meu dono foi logo a correr buscar a minha caixa, encheu-a de mantas e colocou-me lá com muito jeitinho, pois eu sangrava da boca e da pilinha e fomos logo a voar até ao veterinário.
Eu estava muito mal, a minha cauda estava morta, não tinha nenhuma reacção. A minha urina estava cheia de sangue e o veterinário disse que eu talvez não passasse dessa noite...
Fiquei uma semana no veterinário, nos primeiros dois dias não se sabia se eu ia sobreviver ou não, mas após esses dias, comecei a despertar e a recuperar. Os outros dias foram só para observação, pois o Veterinário já dizia que eu ia ficar bom! Mas ia ficar meio torto...
Não gostei nada de ficar na clínica, as pessoas eram todas muito simpáticas e faziam-me muitas festas, mas doía-me tudo por isso nem sequer conseguia ronronar.
De cada vez que o meu dono visitava eu pensava que era agora que ele me ia levar para casa, mas nada. Ele bem me fazia festas e dava-me turras (essa foi eu que lhe ensinei!), mas o que eu queria mesmo era estar deitado na minha cama, enrolado nas minhas mantinhas quentinhas. Não no meio de outros bichos que faziam muito barulho. Será que ninguém lhes deu educação em casa?
No final da semana o meu dono não me foi visitar durante dois dias seguidos e eu pensei que ele tivesse-me abandonado à minha sorte e fiquei muito triste. Mas passado dois dias ele voltou a aparecer e trouxe-me para casa. Ele encheu-se de desculpas sobre que teve que ir não sei bem aonde. Desculpas! Só não lhe dei uma dentada por estava muito fraco e afinal já estava em casa, por isso tudo estava bem.
Mas passados uns dias, descobri que era bem assim. A queda tinha-me deixado muito mal, as ligações que prendem os ossos da minha bacia tinham sido desfeitos, por isso eu andava torto, a opção era operar e tentar unir os ossos com um parafuso. Mas como os gatos têm ossos muitos pequenos era uma operação muito arriscada e que podia não funcionar. A alternativa era esperar para ver se os ossos conseguiam unir-se na nova posição. Para cúmulo, a pancada na minha espinha tinha-me feito perder o controle da cauda.
O meu dono não sabia o que fazer, diz ele que metia dó ver-me a andar pela casa fora a arrastar a cauda! Eu também não gostava nada. Não a conseguia afastar quando ia fazer necessidades e depois sujava-a toda! A seguir tinha que estar meia hora a lamber-me até ficar limpinho. Sim, porque afinal, lá por eu estar doente não tinha de estar porco.O meu dono já tinha decidido que mais valia cortar a cauda (ia ficar como o Acktan!), pois o veterinário não tinha dado esperanças. Mas o próprio veterinário disse ao meu dono que só valia a penar fazer isso se eu não conseguisse viver bem, eu mordesse a morder a cauda e a causar infecções, por isso mais valia a pena esperar. E foi que o meu dono fez e ainda bem!
Passado um tempo os meus ossos voltaram-se a ligar, mas ficou tudo um bocadinho torto, hoje tenho um andar engraçado e parece que estou sempre meio arqueado. Mas fora isso ninguém nota, aliás, se não souberem de nada nem reparam que ando meio esquisito! Mas fora isso tenho uma vida 100% normal!
O mais engraçado foi a minha cauda. Tal como disse ela estava morta, não tinha controle nem sensibilidade nenhuma, mesmo a dores fortes. Mas passadas umas semanas comecei a mexer a base da cauda, passados uns meses já conseguia mexer até meio da cauda! Hoje tenho o controle completo da minha cauda! Consigo mexer até a pontinha da cauda! Aliás, faço questão de quando o meu dono me leva a comida ir atrás dele com a cauda bem erguida no ar!
A única coisa que fica mal é que ela ficou torta, devido à queda!
Mas eu acho que esta cauda me torna especial, diferente de todos os outros gatos. Sim, porque afinal não são todos os gatos que pode dizer que tem uma cauda que faz ângulo!
E ademais, que ninguém nos ouve, o meu dono fica sempre lamechas quando vê a minha cauda, e já sabem, dono lamechas, recompensa a caminho! Sim, que este acidente não afectou em nada a minha audição, ainda distingo muito bem o ruído da minha lata de comida a ser aberta!
E pronto, esta é a minha história, os meus acidente e tropelias. Ainda muito há para contar, mas isso fica para outra altura, pois já ando farto de dar massagens ao Acktan.
Adeus a todos e até à próxima!
3 Comments:
Uma história que podia ter acabado mal, mas mesmo assim contada com a pitada de humor habitual, e que as torna tão interessantes de se ler.
Pois, os perigos das varandas e janelas para os gatos!
Ainda bem que não desistiu e deixou o tempo actuar.
Sei bem como são decisões difíceis de se tomar. Nunca se sabe qual a melhor.
Turrinhas para o gatão!
Miadores
bem...tou a ver k este gatinho tem mts histoias pa contar!primeiro o episodio do elevador depois o da tampo de secretaria e agora o da varanda...ond andara o gato a pensar gxtar a proxima vida?!
tou a brincar mas o axunto é serio...espero k exe malukinho n s magoe mais e k se port bem...turrinhas e festinhas pa ele e po cao
coitadinhu....... mesmo com uma historia triste, eu me mateide rir!
jinhus
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