O Gato e a Secretária
Olá, eu sou o dono desta bicharada toda, o Mac pediu-me para dar uma descrição da secretária sobre qual ele vai falar neste Post.
Esta secretária está comigo desde os meus tempos de faculdade e já nessa altura era uma grande secretária, não quero com isso dizer que ela tem crescido, mas sim que eu acho que as outras secretárias têm vindo a diminuir ao longo dos anos. Seja como for, esta secretária tem um tampo de qualquer coisa como 2 metros de comprido por 1 metro de largura e é bastante pesada.
De notar que muito dificilmente alguém aplicaria o adjectivo de fraquinho à minha pessoa. Aliás, acho que a única altura em que eu poderia passar por pequeno e fraco seria no meio de um campeonato de Sumo (num Basho) e mesmo assim teria algum receio de ser confundido com um amador. Mesmo assim, o tampo é de tal forma pesado que para o levantar sozinho tenho sempre que pedir para baixarem um bocadinho a força da gravidade.
Na altura em que estes eventos têm lugar, eu tinha me mudado há pouco tempo para esta casa e por tal a casa mais parecia um acampamento, com caixotes por todo o lado. Não que hoje em dia o meu escritório esteja muito melhor, mas a minha mulher tem de uma forma constante e persistente conseguido mudar o ar da casa do estilo solteirão para o estilo de casa que aparenta viverem seres humanos sociáveis e sofisticados (impressão essa que é mantida até o momento em que eu surjo às visitas…).
Neste particular dia eu estava a montar uma série de móveis e secretárias no escritório e por tal tinha uma montanha de coisas todas umas em cima das outras, nomeadamente o referido tampo estava ao alto encostado a nada e junto a outras peças da secretária e outros móveis. Como era normal, eu tinha comigo o gato (Mac) e o cão (Acktan), de forma a vigia-los e garantir que não se metiam em asneiras, sim porque o Mac é perito nisso, aliás lembro uma vez que…
Sim, Mac? O que foi?
Sim, já acabei de descrever a secretária.
Sim, eu sei que o Post é teu e não meu. Não, não vou fazer massagens nenhumas ao cão!
Ok, pronto eu largo o teclado.
Adeus!
Neste dia em particular eu estava todo contente, era a primeira vez que estava no escritório e tudo era novo para mim. Ao princípio fiquei um bocado assustado, não conhecia nenhuma dos cheiros, por isso achei melhor encostar-me ao canto durante meia hora para garantir que não havia nenhum monstro escondido. Sim, por que para monstros à vista já bastava o cão, que andava a cheirar tudo e volta e meia parava e tentava levantar uma das patas traseiras, mas antes que conseguisse fazer fosse o que levava uma palmada do dono e era corrido para a varanda.
Quando finalmente fiquei à vontade, foi uma alegria, tantos buracos para me esconder, tantos túneis, havia até três caixotes uns em cima dos outros, no topo destes tinha-se uma vista do escritório fabulosa, o meu dono é que não achou piada nenhuma e mal me viu aí mandou-me logo dali para fora, um verdadeiro desmancha-prazeres. Mas o que eu mais gostei foi da corda, havia bocados de corda por todo o lado para eu brincar, se não fosse o palhaço do cão que sempre que me via a brincar com um bocado de corda tinha ir cheirar e morder a minha corda! Bolas com tantos bocados, ele tem sempre de se meter com aquele que eu estou a brincar!
A certa altura, eu e o cão decidimos brincar as escondidas, enquanto o dono estava mais distraído com as montagens. Eu escondia-me dentro do rolo da carpete e o cão enfiava lá o focinho e levava uma trica! Tudo correu bem até que o cão descobriu que podia fazer o rolo rodar com o focinho! Vai daí, que decidi que era melhor procurar outro sítio para me esconder e achei que entre o tampo da secretária e as outras peças havia espaço para mim. Bem dito, melhor feito, aninhado aí o cão não me conseguia chegar. O cão bem andou à volta, mas não conseguiu descobrir forma de chegar a mim. É nesta altura que o cão teve uma das sua piores ideias, inspirado pelo facto de conseguir rodar a carpete com o focinho decidiu-se atirar contra as peças das secretárias! Escusado será dizer que voaram peças por tudo quanto era lado, uma perna da mesa para ali, um cão para acolá, um tampo da mesa para o outro lado e um gato sabe-se lá bem para aonde. O barulho que isso causou fez o meu dono dar um salto mortal à retaguarda, o referido barulho só foi mesmo suplantado pelo par de berros que o meu dono me mandou a mim e ao cão!
Após a poeira assentar, o meu dono utilizou a velha lógica que diz que do chão não já passa e por tal achou que a nova posição do tampo era mais segura que a anterior e continuou a fazer o que estava a fazer. Só passado 1 hora é que acabou de montar a outra secretária e achou que por hoje já bastava e que amanha também era dia para montar secretárias, aliás que o resto do mês era mês de montar secretárias e que o melhor mesmo agora era ir descansar para o sofá. Vai daí, que foi pegar no cão e em mim. Ora eu estava precisamente no mesmo sítio que há uma hora atrás, ou seja encostado a um canto e com vontade de fazer um buraco na parede para me esconder. O meu dono que já estava habituado a este comportamento desatou a dizer que o barulho já tinha passado (como se eu não soubesse), que estava tudo bem (isso julgava ele), etc. etc. e enquanto me faz uma festa, pega em mim ao colo e vamos os dois juntos buscar o cão.
É nesta altura que se calhar é melhor avisar as pessoas mais sensíveis que devem saltar o próximo parágrafo, principalmente aquelas que forem sensíveis ao sangue…
Estava eu a ronronar todo contente, quando o dono faz uma festa ao cão e diz-lhe para vir embora, a seguir olha para o cão e diz muito espantado: “Sangue? Acktan como é que tens sangue no pêlo?” Espantado olha a sua mão e vê que esta está cheia de sangue. Felizmente que o meu dono não se impressiona com sangue, pois no momento a seguir ele desata a olhar para mim meio perplexo, pousa-me no chão e vê que a minha cauda tinha cerca de 2 centímetros de osso à mostra! Não que o osso estivesse partido, nada disso (não se assustem), a pele à volta do osso é que tinha desaparecido!
Mais tarde, o meu dono encontrou a pele que me faltava debaixo do tampo, descobriu também que os cães e gatos têm baixa sensibilidade na cauda e percebeu porque é que eu não tinha desatado num berreiro (ou devo dizer: miadeiro) e porque estava tão dócil que me pegou ao colo.
Mas isso foi mais tarde, naquela altura nada disso lhe passou pela cabeça! Correu comigo ao colo (o cão quase que ia ficando no fechado no escritório) e como eu não estava a perder sangue, embrulhou-me num cobertor, meteu-nos a todos no carro e toca a correr para o veterinário!
Nesta altura quero fazer um aparte sobre a forma de condução do meu dono, sim porque eu sei que ele não vai conseguir resistir a ler este Post, assim aproveito para lhe mandar umas dicas! Dono, eu NÃO GOSTO DE VELOCIDADE! Sim, eu sei que na minha caixa não vejo as coisas a passar, mas sinto perfeitamente que andas depressa demais para o meu gosto. Para provar o que digo, deixa-me só dizer-te que de cada vez que fazes uma das tuas travagens à bruta, durante alguns momentos a gravidade dentro da minha caixa muda e o lado da minha caixa vira chão! ANDA MAIS DEVAGAR!
Bom, depois deste aparte, não há realmente muito mais a dizer. No veterinário tirei um raio X e estava tudo bem, o osso estava intacto e era só a pele que faltava. O veterinário coseu tudo muito bem, não sei como ele consegui juntar a pele toda mas a verdade é que não me falta pele em parte alguma…
Andei algumas semanas com a cauda toda tosquiada (é pena não haver fotos dessa altura), parecia um gato maltês. Pelo menos foi um descanso para mim, bastava o cão olhar na direcção da minha cauda e levada logo um berro ou uma palmada do dono (o que estivesse mais ao perto). Foram dias gloriosos, eu a passar de cauda erguida mesmo em frente ao cão e este nem se mexer podia, porque senão…
Passado longas semanas o meu pêlo cresceu e hoje nada se nota. Apenas com uma lupa se consegue ver a cicatriz que tenho!
E pronto, foi assim que perdi mais uma vida. Mas se julgam que as minhas tropelias acabam aqui, estão muito enganados. No próximo Post vou contar sobre o meu mergulho de um 4º andar!
1 Comments:
O Fofo Manuel, um gato gordo e teimoso com 8 anos, na sexta-feira queria ir á rua, mas optou pelo caminho mais rápido, atirou-se do 3º andar. Fiquei estarrecida; ele não teve nenhuma fractura, mas ficou com problemas internos. Perdeu uma das vidas dele, mas eu ganhei mais alguns cabelos brancos.
ana
Enviar um comentário
<< Home